ROMA, 15 de ago de 2014 às 17:40
“O que será de nós?”, é a pergunta que se fazem os milhares de cristãos refugiados no Curdistão iraquiano, expressou o Cardeal Fernando Filoni, ao assinalar que as escolas católicas, Igrejas e a casa do Bispo se converteram em refúgios temporários para estas pessoas que ainda temem pelo avanço dos jihadistas do Estado Islâmico.
Em declarações à Rádio Vaticano, o Cardeal, que está em Irbil (capital do Curdistão iraquiano), disse que o primeiro que fez foi visitar os milhares de refugiados, muitos dos quais estão sendo alojados em edifícios da Igreja e outros em casas de famílias que os receberam.
O Cardeal Filoni, enviado especial do Papa Francisco para assistir os refugiados iraquianos, advertiu que as condições de vida não são as adequadas, pois muitos têm que estar ao ar livre. Entretanto, agradeceu o esforço que se realiza para atendê-los e a disponibilidade do governo dirigido por Masoud Barzani.
Nesse sentido, o Cardeal Filoni indicou que entregou à Igreja local a ajuda do Papa Francisco e agradeceu “a generosidade que continua chegando”. “Existe uma forte gratidão não somente por este compromisso material do Papa, mas sobretudo porque a sua voz chamou a atenção para esta dificilíssima, terrível situação em que se encontram cerca de 160 mil pessoas entre cristãos e pertencentes a outras minorias, divididas entre as zona de Irbil e outras zonas mais ao norte”.
O Cardeal relatou que foi bem recebido, com um grande entusiasmo e simpatia do povo. Entretanto, recordou que necessitam apoio material e também psicológico. “São pessoas que tiveram que abandonar suas casas, tiradas de sua rotina, da sua cultura, de seu ambiente”, então é preciso assistência “espiritual e psicológica”.
“O futuro, naturalmente, permanece incerto: ‘O que será de nós?’. Assim, nós esperamos, com a contribuição e a ajuda de todos, de fazer sim, que um dia, estas pessoas possam voltar para suas casas”, expressou.
As milhares de pessoas refugiadas em Irbil são os cristãos e membros de outras minorias religiosas que foram obrigados a deixar suas casas em Mosul, Qaraqosh e outras zonas do norte do Iraque tomadas pelos extremistas do Estado Islâmico, que os ameaçaram de morte se não se convertessem ao Islã ou pagassem o imposto para os não muçulmanos.
No norte do Iraque continuam os combates entre os islamistas e as forças curdas, a quem o Reino Unido e a França ofereceram ajudar com o envio de armas, enquanto que os Estados Unidos continua com seus bombardeios seletivos às posições jihadistas.
Por sua parte, o representante especial das Nações Unidas para o Iraque, Nickolay Mladenov, informou que se declarou o máximo nível de emergência neste país com o fim de facilitar “a mobilização de recursos adicionais em produtos, fundos e ativos para garantir uma resposta mais efetiva às necessidades humanitárias das populações afetadas pelos deslocamentos forçosos".